“Tenho medo de morrer de avião como os Mamonas Assassinas!”
O ídolo, que faz 25 shows por mês, conta como supera a angústia e a solidão de viver na estrada pelo prazer de cantar
Ocantor Luan Santana tem 20 anos. Nasceu em Campo Grande (MS) em 13 de março de 1991. É filho de um bancário com uma dona de casa , que moram em Londrina (PR) com sua irmã, Bruna, de 16 anos. Há dois anos é o maior vendedor de discos e DVDs do Brasil. Com 2 milhões de seguidores no Twitter, é uma das 50 celebridades mais citadas na internet no mundo, ao lado de estrelas como o rapper 50 Cent e a cantora Britney Spears.
Seu primeiro trabalho, To de Cara (2008), trouxe o sucesso Meteoro, que o tornou conhecido em todo o Brasil. Depois vieram Luan Santana ao Vivo (2009) e Luan Santana ao Vivo no Rio de Janeiro (2010). Há três semanas, ele venceu a categoria Melhor Show no Prêmio Multishow de Música, mas não pôde comparecer à entrega porque iria cantar em Leme (SP). Luan faz até 25 apresentações ao vivo por mês. Jamais usa playback. Na semana passada, por exemplo, ele esteve em Parauapebas (PA) e Itu (SP). No domingo (11), antes de um espetáculo em Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo, recebeu TITITI em sua suíte de hotel para uma conversa franca e sem rodeios. O papo foi tão bom que resolvemos publicá-lo em duas edições, para você não perder detalhe algum. Vamos à primeira parte da entrevista? Delicie-se!
TITITI- Fale um pouco sobre a sua infância.
Luan Santana – Eu nasci em Campo Grande, mas como meu pai trabalhava em banco, a gente mudava muito de cidade. Já morei, por exemplo, em Maringá (PR), Manaus (AM), Ponta Porá (MS) e Assis (SP). Mas considero a minha casa mesmo o Mato Grosso do Sul, berço da minha família. Adorava passar as férias em Jaraguari, uma cidadezinha sul – matogrossense onde minha avó materna tinha chácara. Lá eu e meu tio, um pouquinho mais velho que eu, passávamos o dia pescando, andando a cavalo, subindo em árvore... Lembro com carinho de quando minha avó preparava um chá gelado pra mim. Parecia uma raspadinha de chá. Uma delicia!
Na época, já pensava em ser cantor?
Sim e queria cantar igual o Zezé di Camargo. Gostava do jeito que ele cantava, superalto com aquela vós bonita! Eu achava o máximo o cara viver de música, ter uma multidão de gente chorando e suspirando por ele e ainda ser pago para isso! A primeira música que aprendi a cantar dói Muda de Vida, do Zezé e doLuciano. Todo CD que eles lançavam eu comprava e ficava ouvindo o dia inteiro.
O que é que toca hoje no seu iPod?
Tem Bruno Mars, John Mayer, (cantor country americano), Rihanna. Tem também um CD com as dez músicas mais tocadas no rádio nos EUA, que gosto de ouvir para tirar referências. Quando chego pilhado, depois de um show, coloco Chitãozinho e Xororó, Trio Parada Dura, Bruno & Marrone. Aí relaxo e viajo.
Geralmente, quando compõe?
De madrugada, quando chego do show, estou cheio de adrenalina e não consigo dormir. Aí fico ouvindo música. Então me vem à cabeça uma frase ou uma melodia, que me inspiram. A canção As Lembranças Vão na Mala é inspirada no rock light da banda Nickelback, que gosto muito.
O começo da carreira foi difícil?
Sim. Teve um dia que sai de Campo Grande para fazer um show num bar em Maringá. Fomos de van, e chegando lá, descobrimos que só avia sido vendido 25 ingressos. Aquilo foi um baque. Viajar 700 quilômetros e topar com a platéia vazia.. Naquele momento, cheguei a pensar em desistir.
Você chorou?
Não chorei porque sou meio difícil de chora. Mas fiquei chateado mesmo. Dias depois, recebi carta de uma fã que me deu nova esperança pra continuar. Ela me mandou uma folha de papel de carta, com um monte de embalagens de bombons coladas. Dizia: “Você é meu Sonho de Valsa. E siga em frente, pois a Família Luan Santana está aqui do seu lado e estará com você até o final”. Ou seja, meus fãs me estimularam a prosseguir! Baseado nessa carta, compus Chocolate, sucesso do meu disco atual.
Quando as coisas começaram a melhorar?
Quando fui fazer um show e conheci o Anderson Ricardo, que virou meu empresário. Ele me apresentou aos compositores mais experientes para ampliar meu repertório. Foi quando conheci também o Sorocaba, da dupla com Fernando, que me apresentou três músicas. Uma delas era Tô de Cara e a outra Meteoro. Foi ai que deu o clique e eu pensei: “Agora vai!”
Com quantos anos você deu o seu primeiro beijo?
Com 14. Beijei uma menina da escola, mas foi só “ficar”. Não namoramos.
E quando aconteceu sua primeira transa?
Com 16, mas eu não vou dizer com quem foi e nem onde foi (risos).
Tem liberdade para levar namorada para dormir na casa dos seus pais?
Sim, mas eu prefiro não fazer isso. No momento, não estou namorando, mas quando estou eu prefiro ser discreto. Por respeito aos meus pais, só levo em casa uma menina que acho muito especial. Nesses anos todos, só levei três.
Consegue ir para baladas? Usa disfarce?
Algumas vezes vou pra balada, sim. Desço do carro com meu segurança, com a cara lavada, numa boa. No começo vem gente conversar e tirar foto. Depois percebem que estou de boa e me deixam sossegado. Ai eu vou para a área vip e fico lá curtindo. Posso ate ficar com uma menina, mas ninguém fica sabendo.
Você tem medo de alguma coisa?
De montanha-russa, de esportes radicais, tipo bungee jumping, e de avião.
Qual foi o dia em que mais teve medo?
Foram duas vezes. Na primeira delas, eu estava chegando para um show em Arcoverde (PE). Estávamos em um jatinho e, ao aproximá-lo da pista, o piloto viu que era muito curta. Para pousar, ele teve de desviar de uma cadeia de montanhas em volta e abaixar o avião de uma vez. Ele aterrissou quase de lado e depois freou com tudo. Naquele dia, achei que ele não iria conseguir pousar e a gente ia morrer.
E a segunda vez?
Foi durante um vôo para Colatina (ES). Ao chegar ao aeroporto, chovia demais e havia muita neblina. Era uma escuridão total, não dava para ver um palmo à nossa frente. O piloto fez várias tentativas de pouso. Os rasantes eram tão fortes, que eu tinha a impressão de que faltava oxigênio e eu iria desmaiar. Naquele dia, pensei que o avião ia se espatifar. Mas, graças a Deus, na quarta tentativa ele conseguiu pousar. Tenho medo de morrer em um acidente de avião como os Mamonas Assassinas.
E o que faz para se livrar deste pavor?
Toda vez que entro num avião eu rezo. Peço pra Deus abençoar o piloto, proteger as pessoas da aeronave e nos permitir fazer uma viagem tranquila, sem turbulências. Mesmo assim, durante o voo, fico tão tenso que não consigo pregar o olho.
Não seria mais fácil viajar só de ônibus?
Se pudesse escolher, viajaria de ônibus sim. Mas não tem jeito, Como tenho shows em cidades diferentes do Brasil todo dia, a única forma de chegar a tempo é indo de avião. Hoje estou mais tranquilo, porque alugamos um jato seguro, o Cessna Citation II. Quando viajava de monomotor, que é mais frágil, meu medo era maior.
Ter uma agenda apertada não é fácil. Você não pode nem ficar doente...
Pois é. Mas o legal é que estou fazendo o que mais gosto na vida, que é cantar. Tem dias que acordo com febre ou dor de garganta. Aí ligo pra minha fonoaudióloga. Ela fala para eu fazer nebulização e descansar até a hora da apresentação. Às vezes funciona, ás vezes não. Se ainda estiver rouco, abro o jogo com o público. Digo: “Estou com a garganta ruim. Vocês me ajudam a cantar?”. Assumir que estou doente é muito mais honesto do que cancelar o show ou usar playback.
Já aconteceu de perder um acontecimento importante por estar longe?
O episódio mais triste foi no ano passado, quando meu pai ligou pra conta que a mãe dele, a vovó Manoela, havia morrido. Ela teve um problema no coração. No dia seguinte, voltei para Campo Grande para o velório.
Não sente solidão por ter de ficar 25 dias por mês longe do seu lar?
Já teve dias de acordar sozinho no hotel e bater uma agonia, uma vontade danada de voltar para casa. Nessas horas, ligo para minha mãe. Ai ela me conta que fez um churrasco, foi ao shopping comprar um edredom... Só de ouvi-la contar essas coisas de família, já fico mais calmo. Não tem coisa melhor do que saber que está tudo bem em casa!
“Amo minhas fãs e temo pela segurança das que fazem loucuras pra me ver!”
Nesta segunda parte da entrevista exclusiva que deu à sua TITITI, o ídolo conta que sofre por seu público e revela como enfrenta os boatos sobre ele
Na edição passada TITITI publicou a primeira parte de uma entrevista fantástica com Luan Santana. E, conforme prometemos, aqui está a continuação do bate-papo com o gato, que vive em Londrina(PR) com os pais, Amarildo Santana, de 47 anos, e Marizete, de 39, e sua irmã, Bruna, de 16. Uma família unida e que sempre o acompanha em compromissos importantes, como em seu primeiro show internacional no Brazilian Day, em Nova York (EUA), no inicio deste mês. Vamos à exclusiva?
TITITI- Qual foi a maior loucura que uma fã já fez por você?
Luan Santana - Muitas chegaram ao local do show de manhãzinha ou então passam a noite na rua, por virem de longe ou não terem dinheiro para hospedagem. Frequentemente elas vêm me contar essas façanhas com maior orgulho, mas fico triste. Amo minhas fãs e temo pela segurança das que fazem loucuras pra me ver de perto!
Já encontrou alguma em quarto de hotel?
Não, pois minha equipe está sempre de olho e não deixa ninguém de infiltrar. Mas no final de 2010 fui contratado para me apresentar em um navio e uma menina foi apanhada tentando invadir a minha cabine. Ela deu azar e entrou na cabine do lado, que era do meu empresário.
Ah, lembra mais uma história pra gente, vai!
Na semana passada, no Pará, uma garota de uns 17 anos me deu o maior susto. Um motorista foi me buscar no aeroporto de Carajás para me levar até o centro de Parauapebas, a meia hora dali. No meio do percurso senti uma mão encostar no meu ombro. Olhei para traz e vi essa menina, banhada em lágrimas. Fiquei assustado. Quando chegamos ao local do espetáculo ,ela contou que avia se infiltrado na van num momento de distração do motorista. Fico com pena... Não tem sentido uma pessoa arriscar a própria segurança, e até a vida, para seguir alguém famoso.
Você tem mais de 2 milhões de seguidores no Twitter. A opinião deles conta muito?
É claro! Eles são o termômetro para eu saber se uma música nova vai pegar, por exemplo. Uma vez, fui noDomingão do Faustão e apresentei a música Esqueci de te Esquecer. No mesmo dia, os fãs colocaram o vídeo no YouTube e bombou de acessos. Essa repercussão me fez incluir a música no meu próximo CD, que deve sair em novembro.
Mas a internet também tem um lado ruim... Surgem muitas fofocas sobre você ali, não?
Pois é, todos os dias surgem as coisas mais absurdas. Há pouco tempo publicaram que eu tinha sofrido em acidente e estava em estado grave. Teve uma vez que um site de fofoca afirmou que eu avia engravidado uma menina e ela teria trigêmeos ! Outro episódio que me deixou chateado foi quando passei mal durante um show em Salvador (BA) e fui hospitalizado. E pipocaram na internet os piores boatos. Disseram que eu tinha estourado o tímpano, que viram sangue saindo da minha orelha. Ai no dia seguinte. Precisei entra ao vivo noJornal Hoje, da Globo, para explicar que tinha comido algo que me fez mal e não me senti bem para continuar o show.
Quando isso acontece o que você faz?
Ligo para minha mãe e meu pai avisando que estou bem. Depois, esqueço o assunto. Se responder a tudo que falam de mim na web não vai sobrar tempo para mais nada na vida (risos).
Incomoda ser tão famoso a ponto de estar sempre na mira dos paparazzi?
Já me acostumei com o assédio. Mas procuro criar situações para fugir um pouco dos flashes. Em Londrina (PR) dirijo meu carro, recebo amigos na minha chácara. Gosto de fazer churrasco, tomar tereré (bebida gelada a base de mate)... Lá não é como São Paulo ou Rio, que tem um paparazzo em cada esquina. Pra falar a verdade, acho que os famosos flagrados na intimidade dão bandeira.
Quando você era pequeno cantava na escola, na igreja?
Na escola eu cantava mais quando tinha alguma celebração. Mas fazia parte da banda da Igreja Nossa Senhora do Rosário, em Campo Grande, e tocava na missa toda semana. Gostava de cantar Noites Traiçoeiras, do Padre Marcelo Rossi, e um venerão que dizia assim: “Todo dia acordo/Pego meu terço/Rezo o meu rosário pra você” (canta, batendo palmas e sorrindo).
Mudando de assunto... Não incomoda o fato de seus imitadores ficarem entortando os olhos, como se você fosse estrábico?
(Risos). Acho engraçado, mas não sei de onde tiraram isso de que sou vesgo. Eu não tenho nenhum problema de visão e nunca usei óculos. Vai ver que em algumas poses para fotos meu olho fica tortinho. Mas eu não ligo não.
Tem algo que não gosta no seu visual?
Acho as minhas canelas muito finas (risos). Puxei o meu pai!
Já praticou esporte pra ver se engrossam?
Quando estava na escola, jogava futebol e era um bom lateral direito. Mas minhas pernas continuaram fininhas (risos). Hoje tento freqüentar as academias dos hotéis onde me hospedo, mas nem sempre tenho pique. Prefiro dormir pra ficar tinindo pro próximo show.
“Não sei de onde tiraram isso de que sou vesgo. Não tenho nenhum problema de visão e nunca usei óculos... Mas minhas canelas são muito finas (risos)”
Dizem que você é muito pontual. O que ouve naquele polêmico show de Recife (PE) em que chegou duas horas de atraso?
Não tive culpa. Toda a minha agenda é planejada com meses de antecedência. Se não fosse assim, não teria como fazer 25 shows por mês, em diferentes partes do Brasil. Quando assinei o contrato para aquele espetáculo na Ilha do Retiro o combinado era que eu entraria no palco às 21h30. Na véspera do evento o contratando ligou dizendo que eu teria de entrar mais cedo, às 18 horas. Explicamos que seria impossível, pois naquela tarde eu estaria em São Paulo gravando um comercial. Como era um festival com várias atrações, bastava o contratante antecipar o show de outra banda até dar tempo de eu chegar. Mas ele se recusou. Quando cheguei, ele disse que só tinha 30 minutos para cantar.
Por que você doou o cachê de 300 mil reais para entidades beneficentes do Recife?
Doei o cachê por que não consegui realizar o meu trabalho. Tive de sair do palco forçado, antes de cumprir o roteiro completo do show. Nada mais justo do que devolver o dinheiro á cidade do Recife, distribuindo o cachê entre dez entidades assistenciais. Eu sou profissional e tenho o maior respeito pelo meu público!
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